“Técnico em informática” deveria ter licença para trabalhar

Sexta-feira às 20 horas recebo um telefonema:

“Alô… eu gostaria de falar com o Sr. Henrique. Ele está???”
“Sou eu, boa noite. Quem é?”
“Meu nome é fulano, sou técnico em informática e estou aqui na instituição X aonde vim dar manutenção no servidor de um dos seus clientes. Como eu faço para colocar o seu sistema de volta ao ar?”
“Uai: é só iniciar o servidor”
“Ai que tá o problema: eu formatei o HD e agora preciso do CD de instalação do software.”
“Você o que???”

 A criatura formatou o servidor do estabelecimento com todos os dados sem NEM sequer fazer backup. TODOS os dados do cliente foram perdidos. 

Nestas horas me pergunto: a vida profissional dos estabelecimentos é armazenada digitalmente hoje em dia. Aquelas informações são o resultado do trabalho de ANOS e MUITO dinheiro investido. Se um taxista precisa de licença para dirigir, assim como um médico ou um engenheiro, POR QUE DIABOS técnicos em informática não precisam de licença para operar?

Seria a informação no formato digital um bem menos precioso? Conversando com o sujeito acima, ficou nítido que o coitado não fazia a MENOR idéia do que estava fazendo, pois sempre é aplicada a mesma solução: “o computador deu pau? Simples: basta formatar o HD e instalar o WIndows de novo”. 

Na minha opinião, deveria haver um teste similar ao que a OAB aplica aos advogados para aqueles que desejem trabalhar com manutenção de sistemas computadorizados. Um teste que avaliasse tanto a capacidade teórica quanto prática do sujeito. Somente assim poderíamos evitar catástrofes como a que acabo de descrever.

O que me faz pensar: de ONDE vem este tipo de “profissional”? Novamente, a fonte é a mesma: da ignorância. Quem tem um olho em terra de cegos, é rei. Mais uma vez podemos ver o usuário avançado (também conhecido como “entendido em informática”) emergindo na “Ignoranciolândia”. Dado que o uso dos computadores se iniciou domésticamente, os usuários de computador ainda sofrem com os efeitos da inércia evolutiva.

Verdade seja dita, ainda se vê o computador como uma ferramenta de hobistas. A informação em formato digital é tida como um cidadão de segunda classe comparada à impressa. E de quem é a culpa? Ai eu pergunto: quem é o pai do “usuário avançado”?

O consumidor. Somente a partir do momento em que este começar a investigar mais a fundo QUEM está lhe prestando serviços poderemos finalmente nos ver livres do MALDITO “usuário avançado” disfarçado de “profissional”. 

É incrível como raríssimas vezes vejo qualquer uma das perguntas abaixo ser feita a um técnico:

 

  • Qual a sua experiência na área?
  • Possui alguma especialização?
  • Quem são os seus últimos clientes?

Nada disto é questionado: a única pergunta feita é: “que horas você poderia vir aqui arrumar o meu computador?” ao primeiro nome que for encontrado nas páginas amarelas. Logo em seguida o “entendido em informática” causa catástofres e quem paga o pato? Aqueles que também trabalham na área mas são de fato profisisonais, e que agora tiveram seu filme queimado devido à irresponsabilidade de um ignorante.

3 comentários em ““Técnico em informática” deveria ter licença para trabalhar”

  1. Caro amigo portador desse web site, tenho a mesma ideia que a vossa pessoa, admirei o seu tituliar, adoraria ver um processo administrativo para regularmentação da área com leis, algumas empresas como CISCO já exigem o credenciamento, que garante que nenhum mané ira mecher em CISCO sem antes tirar a TRAVA rsrsrs ( entendeu: TIRE PRIMEIRO A TRAVA PARA DEPOIS TIRAR O CISCO)

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