Quem nos forma está nos deformando?

Vivemos um período histórico no mínimo curioso: pela primeira vez vejo as pessoas discutindo mais política que a copa do mundo (o que me deixa otimista). Há uma polarização forte que me lembra muito um livro genial da Ruth Rocha: “Dois idiotas sentados cada qual no seu barril…”

Li muito pequeno, foi escrito na época da guerra fria e a ideia era mostrar a situação para as crianças. Resumindo: são dois idiotas (representando EUA e União Soviética), cada qual sentado sobre seu barril (cheio de pólvora), cada um segurando sua vela acesa. É o tempo inteiro um provocando o outro, as provocações se tornam ameaças e finalmente a merda acontece e os barris explodem gerando uma tragédia de causa ridícula.

O problema que tratarei aqui se enquadra no mundo pós-boom: em vez de velas temos uma formação técnica deficitária que durou décadas e os destroços são a mão de obra resultante do processo.

A situação que vou descrever vivo como empresário em um contexto muito bem definido: a contratação de desenvolvedores em Belo Horizonte. Entretanto sei que é um caso que ocorre também em outras cidades e áreas distintas (engenharia, medicina…).

Este post não visa dizer que os desenvolvedores de Belo Horizonte são ruins (pelo contrário), mas sim lançar um alerta a respeito da rápida deterioração da qualidade do ensino acadêmico que venho observando já faz algum tempo.

Meu “primeiro” contato com o problema

Quando você se torna empresário sua visão de mundo sofre mudanças muito profundas: um dos meus primeiros choques ocorreu no primeiro processo seletivo da Itexto realizado em 2015. Tivemos um número muito grande de candidatos e destes, selecionamos 20 (hoje selecionamos bem menos) para que viessem conversar conosco e realizar uma prova técnica.

Eu sei que trabalhar na Itexto é mais difícil que nos outros lugares por sermos uma empresa cuja principal tecnologia é a Ciência da Computação e não tecnologias de mercado como Java, C#, etc. Sendo assim nossa prova técnica se baseia nestes princípios, mas não é uma prova muito difícil: nesta primeira prova havia a seguinte pergunta.

O que é uma estrutura de dados? Cite duas.

Destes 20 candidatos, 100% já haviam cursado as matérias de Algoritmos e Estruturas de Dados. Esta é uma questão banal para este público, sendo assim qual foi o resultado final? 90% não souberam responder. Sim, você leu certo: 90% não soube responder nem citar o nome de sequer UMA estrutura. Como assim você não se lembra do nome daquilo que te deu bomba?

Naquele primeiro momento como éramos uma empresa muito pequena, achei que havíamos tido azar e apenas aqueles que foram reprovados em todos os processos seletivos chegaram a nós, ou mesmo que a prova fosse muito difícil. Sendo assim mandei a prova para alguns amigos e todos a acharam bastante razoável, simplista até.

A situação se repete e as reminiscências surgem…

Passado o primeiro processo seletivo, veio o segundo, terceiro, quarto… E em todos a mesma pergunta, o mesmo resultado. Isto me fez lembrar de quando aplicava processos seletivos em outras empresas de desenvolvimento mostrando o problema do fizz-buzz e uma quantidade ínfima de pessoas conseguia resolver. Conhece o problema?

Neste problema, você deverá exibir uma lista de 1 a 100, um em cada linha, com as seguintes exceções:

  • Números divisíveis por 3 deve aparecer como ‘Fizz’ ao invés do número;

  • Números divisíveis por 5 devem aparecer como ‘Buzz’ ao invés do número;

  • Números divisíveis por 3 e 5 devem aparecer como ‘FizzBuzz’ ao invés do número’.

Se você se diz programador e não consegue resolver este problema, você não sabe o que é programar (um post antigo do blog Coding Horror, lá dos EUA, fala da mesma dificuldade: programadores que não sabem programar).

Caramba… as pessoas não conseguem resolver um fizz buzz… e também não sabem o que é uma estrutura de dados… mas se dizem programadoras. E sabe o que achei mais interessante? A esmagadora maioria destas pessoas tinha BOAS NOTAS na faculdade. Então… por que não sabem o básico? Seria eu uma pessoa muito exigente ou assustadora?

Resolvi investigar

Tivemos a sorte de nestes processos seletivos encontrar pessoas maravilhosas que vieram a trabalhar conosco. E dentre estas estavam nossos estagiários: neste caso não saber ao certo o que é uma estrutura de dados se enquadra como uma situação “normal”, dado que estão dando os primeiros passos na arte.

E temos estagiários que vieram tanto de faculdades públicas quanto privadas. Então resolvi fazer algo que nunca vi ser feito: acompanhamento acadêmico. Achei que seria uma boa ideia (e foi) ajudar nossos estagiários na faculdade: desde suporte na escrita dos trabalhos de conclusão de curso até mesmo tirar dúvidas a respeito das matérias que viam na faculdade. E aí a coisa começou a se mostrar realmente interessante.

Pra começar as matérias que deveriam fornecer a teoria essencial não forneciam porra nenhuma. Vamos a alguns exemplos: o tema “programação orientada a objetos”. Você espera que te ensinem o que é um objeto, uma classe,  o que é herança, por que diabos existe programação orientada a objetos, coisas assim, certo? Então por que o aluno começa o curso aprendendo coisas como… Spring Framework??? E apenas… Spring Framework??? (e saem sem saber o que é Inversão de Controle, mesmo sabendo que existe algo chamado Spring…)

Matérias como “Desenvolvimento web”. Você espera começar entendendo o fundamento da coisa, certo? O que é o protocolo HTTP? Qual a arquitetura essencial de uma aplicação web? Quais as camadas que uma aplicação web pode ter? Coisas assim, certo? Então por que o aluno está aprendendo Grails??? E apenas… Grails??? Ou apenas Servlets? Ou PHP? Ou ANGULAR??? 

A matéria é “Banco de dados”. Ok, você pensa em como a informação é organizada, o que vêm a ser uma base de dados, coisas assim, certo? Então por que o aluno só aprende SQL com SQL Server, Oracle ou MySQL??? O aluno sai achando que só existe base de dados relacional e, numa boa? Sequer sabe o que é uma base de dados: sabe que existe o Oracle.

Resumindo: as ferramentas que deveriam ser coadjuvantes do conteúdo se tornam protagonistas. Você não deveria aprender Java com Orientação a Objetos, mas sim Orientação a Objetos usando exemplos em Java.

“Nós preparamos o aluno para o mercado”

A justificativa que ouvi de alguns professores foi a de que você prepara seu aluno para o mercado, por isto a ênfase nas ferramentas. Isto seria razoavelmente justo se estivéssemos em uma área na qual as ferramentas fossem quase eternas, tal como ocorre na carpintaria, mas em desenvolvimento de software este não é o caso, pelo contrário.

(não entendo nada de marcenaria, sendo assim talvez o exemplo tenha sido ruim)

Entra aqui algo que deveria ser pesado pelos educadores: o conhecimento de curto, médio e longo prazo. Conhecer uma linguagem ou framework é conhecimento de curto prazo, agora, conhecer a teoria é de longo prazo, é o conhecimento que realmente vale à pena, que te prepara para qualquer coisa que surja. Mas como você tem de gerar mão de obra rápido para as empresas que podem estar financiando sua instituição, o que você faz? Que se foda o aluno, precisamos de programadores Java para que continuem nos financiando, não é mesmo?

E neste caso, se a ênfase está sendo dada nas ferramentas e não na teoria, estas faculdades de fato poderiam ser chamadas de faculdades? Afinal de contas está no cerne da ideia do curso superior a obtenção do conhecimento geral de longo prazo, não de curtíssimo tal como mencionei. Não deveriam ser na realidade caracterizadas como cursos especializantes?

Me impressiona a miopia destes “educadores”.

A grande sacanagem

Um questionamento que poderia e deve ser levantado é: qual a responsabilidade do aluno em sua própria formação? Por muito tempo tive uma visão bastante maniqueista a este respeito: eu realmente achava que a maior parte da responsabilidade era do aluno, porém hoje vejo que é a menor.

E a razão é muito simples: há uma quebra de confiança no processo de formação. Quando você entra em um curso superior é esperado que aqueles que lá lecionam sejam competentes. Afinal de contas trilharam um caminho que os colocou naquele lugar. Então o que o aluno faz? Simples: ele confia e, normalmente admira aquele que lhe ensina. E esta admiração faz parte do processo de educação (você dificilmente leva a sério aqueles que detesta).

E aí vejo as pessoas que não são reprovadas na faculdade, mas saem dela sem saber o básico. O que ocorreu ali? Como pode a pessoa terminar o curso de Ciência da Computação e não saber resolver um fizz-buzz? Estas pessoas são vagabundas? Não: são pessoas que ralam horrores, ficam horas no transporte público, economizam pra pagar a faculdade (faculdade pública também tem custo, e alto).

São pessoas que normalmente estão no curso superior graças ao esforço de gerações passadas, que conseguiram acumular capital para lhe proporcionar esta melhor educação. E aí eu penso: pqp, um esforço geracional jogado no lixo. Sim, no lixo, por que não raro o indivíduo vai pro mercado de trabalho, percebe que não sabe nada e desiste da área.

Na minha opinião um dos papeis da faculdade é te incentivar a sair da área se não for a sua praia, e isto se dá através da reprovação. Agora, se você não é reprovado, como saber se realmente é bom na coisa?

(quis ser músico uma época e depois percebi que não era a minha: foi uma das melhores coisas que poderiam acontecer pra mim. Como percebi? No teste vocacional pro curso de Violão Clássico.)

Na boa? Vi algumas faculdades que mereciam ser processadas por propaganda enganosa.

Então o que a faculdade deveria ensinar?

Resumindo:  a pesquisar. Ao sair da faculdade você não é especialista naqueles assuntos, mas ao menos sabe do que se tratam ou mesmo que existem. O aluno tem de, terminado o curso, ao se deparar com uma tecnologia nova, conseguir ligar os pontos essenciais: entender a que categoria a ferramenta se aplica, onde pode buscar maiores informações a respeito.

E o que me impressiona é que as pessoas saem da faculdade sem saber fazer isto. Vejam o diálogo que tive em um dos nossos processos seletivos com um aluno formado na UFMG:

_ Como você faz para pesquisar sobre um assunto?
_ Pesquiso no Google ou StackOverflow.
_ Só isto?
_ É.

Repare: você tem de saber o que é uma fonte primária pelo menos. Tem de saber escrever, tem de saber ler, tem de entender uma bibliografia pra poder buscar a compreensão do que vai tratar.

Mesmo por que para que você possa fazer qualquer pesquisa, é necessário saber quais termos usar, ou seja, a faculdade essencialmente serve para lhe fornecer vocabulário.

Se você saiu da faculdade e só consegue aprender via Google ou busca no StackOverflow ou Medium, tenho uma má notícia: seu curso talvez só tenha servido pra conhecer uma galera legal e nada mais (escrevi sobre isto tempos atrás aqui).

Mas a formação não se limita à faculdade

E aqui entra um outro ponto: a formação vai muito além do curso superior/técnico. Entra aí os eventos dos quais você participa, os livros que lê, as palestras que assiste. E dado que hoje é tudo tão voltado para o “preparo mercadológico”, não me admira que livros tão ruins estejam saindo no mercado (escrevi a respeito aqui e aqui).

Mas como o aluno que tem uma formação tão deficitária consegue avaliar se o material que tem em mãos é bom ou ruim? Prova de que a esmagadora maioria do material que chega a nós é ruim está no fato de pouquíssimos livros atualmente escritos apresentarem sequer uma bibliografia, ou seja, o autor possivelmente SEQUER estudou antes de publicar aquele trabalho.

Este é o lado negativo da popularização da mídia: qualquer um pode publicar, e o leitor, mal formado, não consegue avaliar ao certo o que vale ou não à pena consumir.

Sendo assim temos aqui um problema de formação em dois níveis:

  • No mundo acadêmico (e entra aqui a formação básica também).
  • No mundo extra-acadêmico (que é o que consumimos fora das instituições de ensino).

E por que o material extra-acadêmico é ruim? Adivinha: por que pra gerar conteúdo de qualidade, profundo, bem fundamentado, você precisa ter uma boa… formação. Não: só a prática não te torna um profissional excelente.

O que deve ser feito

Sabe estas matérias que pipocam por aí dizendo que há inúmeras vagas para TI? Estas vagas realmente existem, mas não são preenchidas por que a formação é ruim e portanto não se encontra com facilidade bons profissionais. E não, adquirir esta formação não é fácil ou barato.

Então sabemos que há uma crise de mão-de-obra (isto sem mencionar as pessoas que estão deixando o Brasil), sabemos também que a qualidade do ensino está ruim. O que devemos fazer?

Na minha opinião questionar tudo: acompanhar as avaliações do ENADE (questionar o próprio ENADE), evitar instituições com notas baixas e, mais importante: realizar a mesma investigação que mencionei acima. Peça para que seus estagiários lhe mostrem o que estão aprendendo nas escolas. Verifique se as pessoas que estão saindo conseguem escrever (sei, por exemplo, de diversos casos de estagiários de Direito que não conseguem ESCREVER ou LER).

(você só sabe alguma coisa se consegue descrevê-la em palavras que possam ser compreendidas por um terceiro)

Questione: aquele aluno tem problemas de aprendizado? Ou estaria sendo mal guiado? Claro: o aluno tem de correr atrás, mas quem deve ser o guia inicial é o mestre, não o aluno (caso contrário não faria sentido existir a escola (este livro é muito interessante e fala sobre isto)).

Décadas atrás o Devo veio com o conceito de “de-evolution”: a ideia de que as pessoas estavam se idiotizando com o tempo. Que tal colocar na pauta atual não apenas o rotular alheio (coxinhas, mortadelas) e passarmos a prestar mais atenção ao que ocorre aqui na nossa frente?

https://www.youtube.com/watch?v=Bu1WX2nsZfo

E sabe o que ocorre se não houver mão de obra suficiente? Os projetos não sairão, e o desenvolvimento não virá, mas sim a “de-evolução”.

Isto devia ter sido olhado décadas atrás (minha formação foi inferior da geração que me antecedeu). Agora é correr atrás do prejuízo.

15 comentários em “Quem nos forma está nos deformando?”

  1. Fala Henrique,

    Como sempre, ótimo texto. Não gosto muito dos palavrões mas enfim.. ;-). Minha impressão é simples: a maioria dos “profissionais” prefere gastar 1h 30 min vendo um filme repetido na TV do que gastar 30 min se atualizando ou procurando melhorar de alguma forma. Concordo que o ambiente acadêmico é fraco e omisso… mas sobram poucos que querem realmente evoluir. E não faltam boas fontes de informação não porem as centenas de distrações (WhatsApp, Netflix, tv por assinatura, milhões de horas de vídeo inútil no Youtube, barzinho, balada) somado à visão de que todos são especiais está criando um exército de preguiçosos desinteressados que você encara ai nas suas entrevistas.
    PS: Você deveria publicar seus artigos no medium.com.

    Abs,

    1. Kico (Henrique Lobo Weissmann)

      É, mas acho que neste ponto a faculdade falha também: ela deve te incentivar a prosperar na área mas, na minha opinião, 10 vezes mais importante é te incentivar a sair dela se não for a sua praia.

      Sobre este número imenso de distrações, existe um livro fenomenal a respeito, escrito pelo Jean Baudrillard: “A Ilusão Vital”. Foi publicado no Brasil pela Civilização Brasileira se não me engano, e a tradução é bem legal.

  2. Juro que quando você citou o “fizz buzz” eu fiquei matutando por horas para ver se não tinha alguma pegadinha, ou algum algoritmo megaeficiente que resolvia a parada em O(log(n/2)). Mas não, é só “aquilo” mesmo…

  3. Rodrigo Viana

    Um excelente artigo! Escrito com muita propriedade. Só me deixou triste por perceber que faço parte de uma geração estupidamente idiota.

  4. Excelente texto. Apenas gostaria de deixar um pouco do outro lado da história.

    Fui professor em curso superior de tecnologia por 12 anos (e por 3 anos em um mestrado acadêmico) antes de sair do país.

    Eu passei esses 12 anos pregando e ensinando o que você defende no texto.

    O que discordo é que o papel do aluno (nesse caso extendido às suas famílias, círculos de influência, etc) seja tão diminuído.

    Não tenho uma resposta para isso nem me so solução. Apenas percebo que ensinar o que deveria ser ensinado tem tanto efeito quanto ensinar ferramentas (na minha experiência) : apenas aqueles alunos com uma base cultural melhor, e já interessados, aprendem de fato algo que carregam pra vida. A maioria nem sabe porque está ali, e não está interessada em aprender nem mesmo isso.

    Talvez o ambiente em que me inseri tenha me deixado isolado, mas essa era a minha experiência.

    Tambem atuei no mercado durante boa parte desses 12 anos (e hoje estou dedicado ao mesmo) e senti na pele o que você descreve.

    Apenas quis deixar um relato (não profundo) sobre o meu sentimento de que o problema não parece estar focado principalmente nos formadores (apesar de reconhecer que uma boa parcela hoje está).

    Um outro questionamento que faço é : na época da minha formação os professores ensinavam bem menos ferramentas (e mais princípios) e a escassez de bons profissionais já existia.

    Talvez,na atual demanda seja humanamente impossível de formar tantos profissionais em uma área tão exigente.

    1. Kico (Henrique Lobo Weissmann)

      Oi Erik,

      o problema que vejo é sistêmico: pra começar a maior parte destas pessoas sequer deveria ter se formado. Obter o diploma sem conhecimento básico demonstra a absoluta irresponsabilidade da instituição que concedeu o diploma.

      A falha do aluno deveria se manifestar justamente em não conseguir se formar, tal como espero ver ocorrer em outros cursos, tais como medicina, por exemplo. (Atuador
      Aliás, isto deveria se aplicar a qualquer curso)

      Sobre não ter mão de obra suficiente: neste caso, creio que é novamente um reflexo/consequência da baixa qualidade do que sai das escolas: justamente por se esperar o por, espera-se que seja necessário um número maior de pessoas para desempenhar dada função. Na minha experiência, uma pessoa bem formada equivale a umas oito “padrão” do mercado.

  5. Mesmo supondo que a maioria das pessoas de formação cultural mais baixa só teriam acesso à formação superior via instituições mequetrefes de esquina, claro que podemos vê-las em faculdades públicas ou particulares mais conceituadas.

    Questões sociais à parte, a faculdade pode e deve apresentar a essas pessoas oportunidades para o aluno ampliar sua bagagem: mais do que o ensino da área em si, mostrar como ela se relaciona com outras, uma visão holística da ciência como um todo, o método científico, discussões filosóficas atreladas – inteligência artificial é só aprender algoritmos?

    Sempre vai haver os desinteressados que só estão ali para comprar diploma mesmo, e a muitos desses são pessoas de maior poder aquisitivo. A cobrança por parte de uma instituição séria é importante para a pessoa pensar justamente “o que ela faz ali”.

    O ponto principal é: você não sabe o que não sabe. Alguém tem que te apresentar. Se seu aluno é um desinteressado, que ele ao menos saiba o merda que ele vai ser se continuar assim.

    O lugar onde estudo pode falhar em muitas coisas, mas nisso não falha ;)

  6. Rommel Carneiro

    Excelente post, meu caro. Assim como você disse a respeito das mudança de cabeça quando se assume um posto de empresário, quero ressaltar também sobre a mudança da cabeça quando se assume uma cátedra.

    O sistema está realmente confuso e confundindo a muitos. A situação do país não contribui muito, mas é perceptível que poucas pessoas comprrendem o papel da academia e do mercado neste jogo e as críticas são duras de ambos os lados. Venho da “mesma escola” e já tive os mesmos contratempos terríveis no papel de contratante. Nossa prova de seleção que, à época só apresentava questões de lógica, deixava mais da metade dos candidatos a ver navios sem entender como processar aquelas coisas tão “básicas”.

    Agora na academia, depois de grande tempo no mercado, quero crer que estou na contramão disso e encarando um desafio gigante de tentar conciliar o aprendizado de base com a visão das tendências de mercado nas disciplinas em que participo.

    Parabéns pela discussão levantada, pelos exemplos extremamente pertinentes (tirando o da marcenaria, no qual também não sei opinar :) ). Será assunto de discussão nas turmas com as quais tenho contato. Abc.

  7. Henrique,muito bom o tema abordado! Parabéns. A minha percepção sobre o tema, é a falta de compromisso dos professores com o aluno(Não estou generalizando, mas infelizmente a maioria tem essa deficiência), claro que não podemos deixar de descartar os que estão ali somente para passar o tempo e no final pegar o tão sonhado diploma que de fato não vale nada. Conheço várias pessoas que tem diploma e estão desempregadas e nem se quer sabem o que é uma estrutura de repetição e para que serve. Fiz recentemente uma pós em BI e um fato que me surpreendeu e que deixou mais da metade da turma frustada foi a disciplina de estatística. Colocaram para lecionar a disciplina uma pessoa tão despreparada que o cara não conseguia de hipótese alguma transmitir o conhecimento. Depois de várias reclamações junto à coordenação do curso, foi reconhecida a deficiência do professor. No final da disciplina todos obtiveram a aprovação em estatística, sem saber de fato a disciplina. Terminei o curso com uma sensação de impotência, pois estatística é um dos pilares de muita importância para um profissional de BI. Quanto a instituição ficou clara a impressão de que o fator financeiro é o que sobressae, pois em momento algum mesmo sob manifestação da maioria da turma, a coordenação se dispôs a repor a disciplina, se preocupou em somente cumprir a grade do curso.

    1. Kico (Henrique Lobo Weissmann)

      Oi Guilherme, obrigado.

      Pois é: absolutamente errada a postura da faculdade. O correto seria reprovar a turma (e não cobrar a matéria no próximo semestre), não aprovar todo mundo por que o professor era ruim, na minha opinião.

  8. Se um pedreiro construir uma casa sem fundações, vigas e colunas qualquer instabilidade no terreno as paredes racham e a casa pode ficar comprometida.
    Assim também é com a educação.
    Não são as paredes que mantém uma casa em pé.
    A leitura, a escrita e fazer contas (matemática) são as fundações, as colunas e vigas.
    Eu vejo muitas pessoas por aí se preocupando em ter uma formação universitária e a formação em leitura, escrita e matemática?
    Este problema que você descreve é mais profundo do que se imagina.
    É culpa do aluno? É culpda da instituição de ensino?
    Ler, escrever e calcular aprendem-se no ensino fundamental e não na faculdade. Cabe a cada um corrigir suas deficiências nestes quesitos.

    Aproveitando o momento e em nome de todos os leitores anônimos gostaria de agradecer por você gastar seu tempo escrevendo seus pensamentos em um blog. Eles tem sido de grande ajuda.

    Obrigado

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