Este ano foi excelente! Boa parte do crédito é devida a alguns livros maravilhosos que me acompanharam. Vou compartilhar com vocês parte desta experiência citando algumas leituras que literalmente mudaram minha vida.
Morro dos Ventos Uivantes – Emily Bronte
UOU! Como pude passar tanto tempo sem ler este? Resposta rápida: preconceito. Acreditava ser mais um romance meloso que me entediaria até a morte. Nada disto! Este é sem sombra de dúvidas um dos melhores romances que já li. Fantástico!
É chocante quanta maldade a “simpática Emily” conseguiu enfiar em seu único livro. E sabem o que é mais legal? É um livro ultra barato e de domínio público.
Com este livro você vai aprender que sim: a coisa sempre pode piorar!
A Conquista da América – Tzvetan Todorov
Em determinado momento decidi que queria conhecer melhor minha história como latino-americano. Foi uma ótima idéia porque com ela adquiri uma compreensão melhor do mercado de trabalho e das razões pelas quais somos desta forma hoje.
Aliás, dois posts muito comentados neste blog: “Armadilhas para Desenvolvedores: os Exploradores” e “Hernán Cortés e o Software Livre” são diretamente influenciados por esta leitura.
O ponto de partida do livro é a questão do outro, ou seja, como é formada a imagem do índigena sob o ponto de vista europeu e vice-versa. Me ajudou bastante a compreender melhor como lidar com minha auto imagem e também a entender como a percepção que tenho dos outros é formada.
Resumindo: pra quem queria apenas entender melhor a história da colonização latino-americana, sai no lucro compreendendo melhor as formas de exploração adotadas pelo mercado e como nossa percepção do outro é formada.
Anti Patterns: Identification, Refactoring and Management – Phillip A. Laplante e Collin J. Neil
Uma das minhas buscas foi a de um ambiente de trabalho melhor. Como estou trabalhando com mais gente achei que seria importante aprender a lidar melhor com meus colegas de trabalho. E este livro foi uma descoberta maravilhosa.
Em Anti Patterns, o foco são exemplos que jamais devemos deixar acontecer em um ambiente de trabalho. É uma leitura bem mais interessante do que mais um daqueles livros de gerenciamento que sempre me causam a impressão de estar vendo um mundo no qual as condições de temperatura e pressão são ideais. Longe disto!
Foi interessantíssimo porque durante a leitura percebi que devo ter passado por uns 70% dos terríveis exemplos citados (“sortudo”), o que me causou uma sensação confusa de orgulho (sobrevivi!) e tristeza. Uma tristeza produtiva que me fez executar uma série de melhorias em minha vida cujos resultados estão sendo muito bons.
Racing the Beam – The Atari Video Computer System – Nick Montfort e Ian Bogost
Foi o livro que me revolucionou tecnicamente: simples assim. O objetivo dos autores é mostrar como a arquitetura do Atari influenciou a criação de todos aqueles jogos que salvaram minha infância de um desastre total.
Virou minha leitura obrigatória que tento empurrar a todos aqueles que, assim como eu, não programam apenas para pagar as contas, mas sim porque AMAM a coisa. Não consigo negar a inveja que senti de programadores como David Crane (criador do Pitfall).
É aquele tipo de leitura que te faz repensar o modo como desenvolvemos software hoje. A pergunta que mantive após a leitura é a seguinte: temos hoje temos um ambiente de desenvolvimento fantástico, mas será que o nosso produto final faz justiça a todo o nosso poder de fogo, ou será que não nos tornamos no final das contas um bando de mimados?
Só por curiosidade: Pitfall tem 255 telas. Quanto elas ocupam de memória? 8 bits. :)
Mal-Estar no Trabalho: Redefinindo o Assédio Moral – Marie-France Hirigoyen
O livro acidental do final de ano. Nanna o tinha em mãos e eu por curiosidade resolvi levá-lo para o banheiro e, bem: ela ainda o está esperando. :)
Ta ai um assunto que nunca imaginei ser interessante. Fui fisgado logo nas primeiras páginas. Finalmente consegui entender o que vêm a ser o tal do “assédio moral” e, sabe de uma coisa? Percebi que acidentalmente posso já ter cometido e sofrido assédios também.
Através de uma série de exemplos a autora vai mostrando ao leitor situações que normalmente ignoramos mas que consistem em assédios. Pra aumentar a culpa de nós, assediadores acidentais (ou não), a autora ainda mostra os efeitos físicos do assédio em suas vítimas.
Leitura fantástica: está me fazendo rever de cabo a rabo a maneira como lido com meus colegas de trabalho. Recomendo a leitura para todos aqueles que não tem como objetivo de vida profissional a vida em isolamento ou que desejam um armamento teórico melhor pra lidar com o problema.
Alguns livros técnicos
Houve também alguns livros técnicos que me ajudaram bastante este ano. Abaixo está uma pequena lista daqueles que mais valeram à pena:
- Enterprise Integration Patterns – Gregor Hohpe e Bobby Woolf – leitura obrigatória pra qualquer um que desenvolva sistemas corporativos complexos (de fato complexos)
- Java Concurrency in Practice – Brian Goetz, Tim Peierls, Joshua Bloch, Joseph Bowbeer, David Holmes, Doug Lea – após ler este livro você percebe que não sabia nada sobre concorrência :)
- Camel in Practice – Klaus Ibsen e Jonathan Anstey – Tive uma experiência maravilhosa com Camel na Squadra, e este livro me ajudou bastante (dica: se for ler este livro, leia o EIP antes)
- Programming Clojure – Stuart Halloway – Neste ano comecei a realizar um sonho antigo: criar algo útil com alguma variante do Lisp. Este livro têm me ajudado bastante.
- Scheduling Algorithms – Peter Bruker – Quer se sentir muito burro? Leia este livro. Este ano tive de lidar com problemas envolvendo escalonadores (num falei que foi um ano massa?) e desconfio que após sofrer horrores com este livro fiquei um pouquinho mais esperto viu? :)
- Java Reflection in Action – Ira R. Forman e Nate Forman – Ta ai um assunto que pouco javeiro entende bem. Foi um dos assuntos que mais me divertiu em 2011.
- PHP in Action: Object, Design, Agility – Dragfinn Reiersol, Markus Baker e Chris Shiflett – quem diria? Em 2011 voltei a brincar com PHP. E sabe o que percebi? Nós do Java temos muito o que aprender com este povo ai.
Compra do ano: um tablet meia boca
Se há um aspecto negativo em 2011 pra mim este se chama trânsito. Como eu ficava em média umas 3 ou 4 horas por dia preso neste inferno, comprei um tablet bem vagabundo. No caso, um Coby Kyros 7015, que me serviu muito bem por uns 6 a 8 meses até que seu carregador foi pro saco. Se você assim como eu ama ler e fica muito tempo no trânsito, é algo que vale à pena comprar.
Concluindo
Estes foram alguns dos livros que li neste ano e fizeram toda a diferença pra mim. Espero que estas dicas sejam úteis a alguém que por algum acaso tope com problemas similares.
Agora é esperar pelas leituras de 2012, que também prometem. E você? Que livros fizeram seu 2011?
PS:
e sim, já estou trabalhando no próximo vídeo da série sobre Groovy/Grails. Aguardem! :)